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sábado, 7 de maio de 2016

O grande Rei ascende aos céus

v. 51: “Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu”.
Depois de um ano letivo, seja na escola ou na faculdade, nada como um período de férias. Ainda mais em nível superior porque, para muitos, é um período onde se trabalha de dia, vai à faculdade à noite e estuda de madrugada. Mas não há dúvidas de que vale a pena. E para quem se esforça as férias vem como um merecido descanso.
Os alunos de Jesus parecem estar entrando de férias depois de três anos consecutivos de aulas teóricas e práticas com o seu grande mestre. Mas agora Jesus está se despedindo deles. Mesmo assim, será que isso significa férias?
Na última quinta-feira, dez dias antes do Pentecostes, foi o dia da Ascensão e é isso que nós estamos comemorando hoje. É uma pena, mas a Ascensão é uma daquelas festas que várias vezes passa despercebida pelos cristãos.
Isso, talvez, em grande parte porque não se entende exatamente qual é o significado da Ascensão. E é por isso que você ouve falar em despedida, como se esse fosse o único significado; outros simplesmente fazem de conta que a ascensão de Jesus não tem importância e já pulam direto para o Pentecostes, dizendo que Ascensão já é o envio para anunciar o Evangelho.
É verdade que não podemos tirar a Ascensão do seu contexto que são os cinquenta dias entre a Páscoa e o Pentecostes. Existe um relação muito importante entre os três: Na Páscoa Jesus mostrou a sua vitória sobre a morte; a subida de Jesus aos céus reforça mais uma vez o fato de que a sua obra em favor da humanidade foi totalmente completada; e a descida do Espírito Santo era decisiva para que a mensagem da Páscoa, da Ascensão, enfim, que toda a mensagem do Evangelho fosse anunciada.
Isso nos dá uma visão mais geral da Ascensão e agora podemos observá-la mais de perto. Quando Jesus é elevado aos céus bem diante dos discípulos é porque ele tinha concluído totalmente a sua tarefa aqui no mundo. Lembremos que esses quarenta dias em que Jesus ficou no mundo depois da sua ressurreição também tinham um propósito e esse propósito era aparecer a muitas pessoas que seriam testemunhas da sua ressurreição.
Tendo feito isso, Jesus ascende aos céus. O que Jesus faz não é nada mais do que voltar ao seu lugar de direito. Ele veio de lá ao mundo com um propósito, e esse propósito agora estava cumprido.
O que Jesus faz aqui é aquilo que nós professamos todos os domingos que ele subiu aos céus e está sentado à direita de Deus Pai. Jesus volta a fazer o uso completo do seu poder. Ele subiu de volta aos céus para de lá reinar, governar e dominar sobre tudo e sobre todos – e notem bem: não só sobre os cristãos.
Como lemos hoje no texto de Efésios, ele está acima de todos os domínios e poderes. E não há nada que aconteça neste mundo sem a providência ou a permissão de Jesus. Lembrando um versículo bíblico: Nem um só fio de cabelo cai da nossa cabeça se não for da vontade de Deus.
E é exatamente aí que começam os problemas. Porque o nosso grande mal, o nosso pior pecado é quando não confiamos na providência e no cuidado de Deus. Mesmo sabendo que ele é o Deus Todo-poderoso, Criador dos céus e da terra, ainda assim queremos nós ter nas mãos as rédeas da nossa vida.
Queremos decidir, providenciar, suprir, guardar, crescer como se tudo dependesse da nossa dedicação e do nosso trabalho. Vivemos ansiosos, agitados de um lado para o outro, sempre preocupados com o dia de amanhã e esse dia pode nem chegar.
E aí você vê um monte de gente que, enquanto houver força e dinheiro, vive com toda a confiança, inclusive brincando de ser o autor da própria vida. Mas quando isso vai embora, quando o dinheiro acaba e a saúde se esvai, o medo e o desespero tomam conta.
Planejar, administrar e até mesmo ter um certo nível de preocupação com a vida demonstra responsabilidade. E isso é importante. Mas também é importante estar ciente do que diz o livro de Provérbios: o homem até pode fazer os seus planos, mas Deus é quem dá a última palavra.
E a última palavra de Deus sempre é a melhor. Porque Deus não só tem todo o poder como também conhece todas as coisas. Ele sabe do que nós precisamos. E a fé verdadeira é quando confiamos que, em Jesus, Deus está continuamente lutando pelo nosso bem e pela nossa salvação mesmo quando tudo aquilo que nós vemos ou enfrentamos diz o contrário.
É a única fé que traz conforto àquele que sofre. A única certeza que nos faz seguir em frente com alegria e confiança porque sabemos que o Rei do mundo está a nosso favor. Aquele por meio de quem todas as coisas foram feitas é o nosso pastor, advogado, salvador e rei.
Será que pode ter coisa melhor do que ser súdito deste rei? Ter um rei significa estar sob a proteção de alguém. E nessa vida de tantos inimigos que nos trazem a dúvida e o sofrimento, nós temos que saber que tem alguém que nos defende, que nos protege. Sim, Jesus subiu aos céus para mostrar que tudo isso é verdade, mas a sua promessa continua válida: Eis que estarei convosco todos os dias.
A questão que fica é: Por que ainda temos que enfrentar as dificuldades desta vida se Jesus já fez tudo pela nossa salvação e nós cremos nisso? Porque nós somos suas testemunhas. E estamos aí para anunciar e viver o Evangelho.
Nós podemos lembrar aqui o tão conhecido episódio da transfiguração de Jesus em que Jesus manifesta a sua glória e Pedro, sentindo aquele gostinho do céu, já queria armar tendas e ficar por lá mesmo. Mas o que Jesus disse? Não. E por que não? Porque ainda há muito trabalho a ser feito.
Jesus veio ao mundo por nós pecadores e só subiu aos céus quando estava com a missão cumprida. Assim também nós subiremos aos céus para estar com Jesus, mas só partiremos quando nossa missão estiver cumprida. Alguns vão antes, outros depois, mas o importante é que, se aqui seguimos o caminho da fé, depois vamos estar no reino de Jesus.
Então, será que os discípulos entraram em férias na ascensão de Jesus? Talvez uns dez dias, não mais do que isso. Porque quando o Espírito Santo vem habitar em nós, nem a gente faz questão de muita folga no reino de Deus. Mas isso já é assunto para o domingo que vem.
O que precisamos lembrar é que a Ascensão é uma festa tão importante quanto a Páscoa e o Pentecostes. É a despedida de Jesus? Ele subiu para preparar um lugar para nós? Tudo isso é bíblico e é verdade. Mas a grande mensagem é de que Jesus, o Deus Todo-poderoso, é Rei sobre todas as coisas. E, de forma especial, ele é o nosso Rei a quem nós servimos e onde nos refugiamos diante dos inimigos.
A Ascensão não pode passar despercebida por nós cristãos. Porque é quando lembramos da grandiosidade, da majestade e da soberania do nosso Senhor e salvador Jesus Cristo que, assim como foi assunto ao céu, virá a julgar os vivos e os mortos, cujo reino não terá fim. Amém