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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Natal – a grandeza de Jesus

Referência: Lucas 1.26-38
INTRODUÇÃO
O Natal é celebração do nascimento de Jesus. Mas quem é Jesus? Nos primeiros séculos as opiniões muito divergiram:
1) Os gnósticos – não acreditaram na sua encarnação
2) Os ebionistas – acreditavam que ele era apenas uma emanação de Deus
3) O arianismo – acreditava que ele era a primeira criação de Deus.
Hoje, muitos pregam um Jesus espírito iluminado. Outros pregam um Jesus bonachão; outros falam de um Jesus milagreiro. Ainda outros pregam um Jesus paz e amor.
Mas, quem é Jesus? Ele não quem os homens dizem que ele é. Ele não é uma projeção do imaginário coletivo, nem o Jesus pregado pelas religiões. Ele é quem ele é, revelado nas Escrituras.
Esse texto nos fala da grandeza de Jesus.
O anjo Gabriel aparece a Maria para revelar-lhe dois milagres:
1) Uma virgem vai conceber.
2) Uma mulher idosa e estéril já concebeu.
No segundo caso, Deus parece estar atrasado. No primeiro caso, Deus parece estar adiantado. O princípio é mostrar que para Deus não há impossíveis.
Nessa revelação de Gabriel o centro da conversa não é Maria, mas o Filho de Maria. Gabriel destaca nesse episódio, a grandeza de Jesus:
I. A GRANDEZA DE JESUS QUANTO A SUA ORIGEM – v. 32,35
1. Jesus é não um filho de Deus, mas o Filho de Deus
Jesus é o Verbo eterno, Deus co-igual, co-eterno e consubstancial com o Pai. Ele disse: “Eu e o Pai somos um”. Ele não passou a existir, ele é Deus desde a eternidade. Ele é o Pai da eternidade. Ele desfrutou sempre da glória do Pai, antes que houvesse mundo.
Sua relação com o Pai é eterna. Aquele menino que nasceu em Belém, é Deus de eternidade a eternidade. Antes que os montes nascessem e se formasse, ele já existia. Ele não teve começo nem terá fim. Ele é a causa não causada, o efeito de todas as causas.
2. Jesus como Deus não teve mãe, como homem não teve Pai
O ente que vai nascer de Maria já existia antes dela. O Filho precede a mãe. Jesus foi concebido por obra do Espírito Santo. O verbo se fez carne por uma obra milagrosa do Espírito Santo no ventre de Maria. Como Deus ele sempre existiu, por isso Maria não pode ser sua mãe. Como homem foi gerado pelo Espírito Santo por isso não teve pai humano.
II. A GRANDEZA DE JESUS QUANTO AO SEU CARÁTER – v. 35
1. Jesus é um ente santo, ele não herdou o pecado original
Jesus não é um membro da raça como eu e você. Pois nascemos em pecado, pois herdamos o pecado de Adão. Mas Jesus não é semente do homem como todos os demais homens, mas semente da mulher (Gn 3.15). Ele nasceu sem pecado, nele não havia pecado.
2. Jesus não cometeu pecado
Jesus nunca cometeu pecado. Ele foi tentado, mas jamais cedeu à tentação. Aquele que não conheceu pecado fez-se pecado por nós. Nunca se achou dolo em sua boca. Ele obedeceu completamente a lei em nosso lugar. Seus inimigos o perseguiram e para acusá-los, precisaram forjar provas falsas e contratar testemunhas falsas. Ele é a verdade. Sua vida é irrepreensível, suas palavras irrefutáveis, suas obras irresistíveis.
III. A GRANDEZA DE JESUS COM RESPEITO À SUA OBRA – v. 31
1. Jesus é o criador do universo
Ele é o criador do universo. Sem ele nada do que foi feito se fez. Ele criou o universo e tudo o que nele há.
Hoje os homens cheios de empáfia zombam daqueles que pregam a criação. NO Rio de Janeiro, a governadora é escarnecida por ensinar nas escolas públicas a criação. Em Nova York, a exposição sobre Darwin, zomba dos americanos porque 70% deles crêem na criação.
O Jesus do Natal é o criador.
2. Jesus é quem sustenta o universo
Ele sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder. Ele dá a chuva e o sol. Ele intervém. Ele ouve as orações. Ele cura os enfermos. Ele age soberanamente. Nem uma folha cai de uma árvore sem que ele saiba e permita.
Jesus é o Deus da providência. Ele está presente. Ele ama, cuida, consola, corrige, levanta, restaura. Ele cura os enfermos, ergue os abatidos, repreende os faltosos. Ele está com as rédeas da história nas mãos. Ele está com o livro da história nas mãos. Ele está no trono do universo. Ele reina!
3. Jesus é o Salvador
a) Ele veio para desfazer as obras do diabo – ele esmagou a cabeça da serpente. Ele expôs o diabo e suas hostes ao desprezo. Ele se manifestou para desfazer o mal.
b) Ele veio para vencer o pecado – Jesus viveu sem pecado, morreu pelo nosso pecado e venceu o pecado. Agora não precisamos ser escravos do pecado. Ele veio para nos salvar do pecado e não no pecado. Ele verteu o seu sangue. Ele nos comprou. Nos redimiu. Nos resgatou do império das trevas.
c) Ele veio para nos reconciliou com Deus – Estávamos perdidos e fomos achados, mortos e revivemos. Longe e fomos reconciliados. Agora somos filhos, herdeiros. Agora temos livre acesso à presença de Deus.
d) Ele veio para morrer em nosso lugar – Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele morreu a nossa morte. Foram os nossos pecados que o levaram à cruz. Ele bebeu o cálice. Ele se fez pecado. Ele deu um brado: está consumado!
IV. A GRANDEZA DE JESUS EM RELAÇÃO AO SEU REINO – v. 32,33
1. As características do seu Reino
a) Seu reino é espiritual – ele governa não com espada, não com a força dos déspotas. Ele governa pelo amor. Ele reina nos corações.
b) Seu reino é de justiça, alegria e paz – Os súditos desse reino são as pessoas mais felizes do mundo. Não há injustiça, nem tristeza nem perturbação.
2. Em sua extensão
O seu reino alcança todos os povos, línguas e nações. Jesus morreu para comprar os que procedem de toda tribo, povo língua e nação. Todo joelho se prostra diante dele. Nenhum centímetro desse universo está fora dos limites do seu reinado.
3. Em sua duração
O seu reinado não tem fim. Os reinos do mundo se levantam e caem. Mas o Reino de Cristo é eterno. Ele jamais será destruído. Os reinos deste mundo foram grandes e hoje são apenas mataria de estudo de história.
Daniel 2 fala dos reinos deste mundo. E também fala de uma pedra que enche toda a terra. Essa pedra é o Reino de Cristo.
CONCLUSÃO
Quais são as implicações da grandeza de Jesus?
1) Precisamos saber que ele não chega nem atrasado nem adiantado na nossa vida. Isabel podia pensar que era tarde demais e Maria podia pensar que era cedo demais. Mas ele chega no tempo certo.
2) Precisamos saber que para ele não há nada impossível. Sua causa pode ser impossível para os homens. Maria perguntou: Como será isto? (v. 34). Isabel sendo velha e estéril dá à luz.
3) Precisamos nos submeter à agenda de Deus (v. 38) – Maria era uma jovem favorecida (v. 28), bendita entre as mulheres (v. 42), crente (v. 45), disponível para fazer a vontade de Deus (v. 38).
4) Os pastores o adoraram. Os magos o adoraram. Os anjos o louvaram. E você?
Rev. Hernandes Dias Lopes.

sábado, 16 de setembro de 2017

Predestinação: Cinco Afirmações Incontestáveis
por
John Stott

Comentário Sobre Romanos 8:28-30

A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para honra. Por isso os que se acham dotados de um tão excelente benefício de Deus, são chamados segundo o propósito de Deus, por seu Espírito operando em tempo devido; pela graça obedecem à vocação; são justificados gratuitamente; são feitos filhos de Deus por adoção; são criados conforme à imagem de seu Unigênito Filho Jesus Cristo; vivem religiosamente em boas obras, e, enfim, chegam, pela misericórdia de Deus, à felicidade eterna”. (XVII Artigo de Religião – Predestinação e Eleição).
Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito. Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou, também justificou; aos que justificou também glorificou” (Romanos 8:28-30). Nestes dois versículos Paulo esclarece o que quis dizer no versículo 28 ao referir-se ao “propósito” de Deus, segundo o qual ele nos chamou e age para que tudo contribua para o nosso bem. Ele analisa o “bem” segundo os parâmetros de Deus, bem como o seu propósito de salvação, através de cinco estágios, desde que a idéia surgiu em sua mente até a consumação do seu plano na glória vindoura. Segundo o apóstolo, esses estágios são: presciência, predestinação, chamado, justificação e glorificação. Primeiro há uma referência a aqueles que Deus de antemão conheceu. Essa alusão a “conhecer de antemão”, isto é, saber de alguma coisa antes que ela aconteça, tem levado muitos comentaristas, tanto antigos como contemporâneos, a concluir que Deus prevê quem irá crer e que essa presciência seria a base para a predestinação. Mas isso não pode estar certo, pelo menos por duas razões. A primeira é que neste sentido Deus conhece todo mundo e todas as coisas de antemão, ao passo que Paulo está se referindo a um grupo específico. Segundo, se Deus predestina as pessoas porque elas haverão de crer, então a salvação depende de seus próprios méritos e não da misericórdia divina; Paulo, no entanto, coloca toda a sua ênfase na livre iniciativa da graça de Deus. Assim, outros comentaristas nos fazem lembrar que no hebraico o verbo “conhecer” expressa muito mais do que mera cognição intelectual; ele denota um relacionamento pessoal de cuidado e afeição. Portanto, se Deus “conhece” as pessoas, ele sabe o que passa com elas [138]; e quando se diz que ele “conhecia” os filhos de Israel no deserto, isto significa que ele cuidava e se preocupava com eles.[139] Na verdade Israel foi o único povo dentre todas as famílias da terra a quem Javé “conheceu”, ou seja, amou, escolheu e estabeleceu com ele uma aliança. [140] O significado de “presciência” no Novo Testamento é similar. “Deus não rejeitou o seu povo [Israel], o qual de antemão conheceu”, isto é, a quem ele amou e escolheu (11:2). [141]À luz deste uso bíblico John Murray escreve: “’Conhecer’... É usado em um sentido praticamente sinônimo de ‘amar’... Portanto, ‘aqueles que ele conheceu de antemão’... é virtualmente equivalente a ‘aqueles que ele amou de antemão”.[142] Presciência é “amor peculiar e soberano”. [143] Isto se encaixa com a grande declaração de Moisés: “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu, porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo... mas porque o Senhor vos amava...”. [144] A única fonte de eleição e predestinação divina é o amor divino.
Segundo, aqueles que [Deus] de antemão conheceu, ou que amou de antemão, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (29). O verbo predestinou é uma tradução de proorizõ que significa “decidiu de antemão” (BAGD), como se vê em Atos.4:28 (“Fizeram o que o teu poder e tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse”). É, pois, evidente que o processo de tornar-se um cristão implica uma decisão; antes de ser nossa, porém, tem de ser uma decisão de Deus. Com isso não estamos negando o fato de que nós “nos decidimos por Cristo”, e isso livremente; o que estamos afirmando é que, se o fizemos, é só porque, antes disso, ele já havia “decidido por nós”. Esta ênfase na decisão ou escolha soberana e graciosa de Deus é reforçada pelo vocabulário com o qual ela está associada. Por um lado, ela é atribuída ao “prazer” de Deus, a sua “vontade”, “plano” e “propósito”, [145] e por outro lado, já existia “antes da criação do mundo” [146] ou “antes do princípio das eras”. [147] C. J. Vaughan resume esta questão nas seguintes palavras:
Cada um que se salva no final só pode atribuir sua salvação, do primeiro ao último passo, ao favor e à ação de Deus. O mérito humano tem de ser excluído: e isto só pode acontecer voltando às origens do que foi feito e que se encontra muito além da obediência que evidencia a salvação, ou mesmo da fé a que ela é atribuída; ou seja, um ato de espontâneo favor da parte daquele Deus que

antevê e pré-ordena desde a eternidade todas as suas obras. [148]
Este ensino não pode se minimizado. Nem a Escritura nem a experiência nos autoriza faze-lo. Se apelarmos para a Escritura, veremos que no decorrer de todo o Antigo Testamento se reconhece ser Israel “a única nação na terra” a quem Deus decidiu “resgatar para ser seu povo”, escolhido para ser sua “propriedade peculiar”; [149] e em todo o Novo Testamento se admite que os seres humanos são por natureza cegos, surdos e mortos, de forma que sua conversão é impossível, a menos que Deus lhes dê vista, audição e vida. Nossa própria experiência confirma isso. O Dr. J. I. Packer, em sua excelente obra O Evangelismo e a Soberania de Deus,[150] aponta que, mesmo que neguem isso, a verdade é que os cristãos crêem na soberania de Deus na salvação. “Dois fatos demonstram isso”, ele escreve. “Em primeiro lugar, o crente agradece a Deus pela sua conversão. Ora, por que o crente age assim? Porque sabe em seu coração que Deus foi inteiramente responsável por ela. O crente não se salvou a si mesmo; Deus o salvou. (…) Há um segundo modo pelo qual o crente reconhece que Deus é soberano na salvação. O crente ora pela conversão de outros... roga a Deus para que opere neles tudo quanto for necessário para a salvação deles”. Assim os nossos agradecimentos e a nossa intercessão provam que nós cremos na soberania divina. “Quando estamos de pé podemos apresentar argumentos sobre a questão; mas, postados de joelhos, todos concordamos implicitamente”. [151] Mesmo assim há mistérios que permanecem. E, como criaturas caídas e finitas que somos, não nos cabe o direito de exigir explicações ao nosso Criador, que é perfeito e infinito. Não obstante, ele lançou luz sobre o nosso problema de tal maneira a contradizer as principais objeções que são levantadas e a mostrar que a predestinação gera conseqüências bem diferentes do que se costuma supor. Vejamos cinco exemplos: 1. Dizem que a predestinação gera arrogância, uma vez que (alega-se) os eleitos de Deus se gloriam de sua condição privilegiada. Mas o que acontece é justamente o contrário: a predestinação exclui a arrogância, pois afinal, não dá para entender como Deus pode se compadecer de pecadores indignos como eles! Humilhados diante da cruz, eles só querem gastar o resto de suas vidas “para o louvor da sua gloriosa graça” [152] e passar a eternidade adorando o Cordeiro que foi morto. [153]2. Dizem que a predestinação produz incerteza e que cria nas pessoas uma ansiedade neurótica quanto a serem ou não predestinadas e salvas. Mas não é bem assim. Quando se trata de incrédulos, eles nem se preocupam com a sua salvação – até que, e a não ser que, o Espírito Santo os convença do pecado, como um prelúdio para a sua conversão. Mas, se são crentes, mesmo que estejam passando por um período de dúvida, eles sabem que no final a sua única certeza consiste na eterna vontade predestinadora de Deus. Não há nada que proporcione mais segurança e conforto do que isso. Como escreveu Lutero ao comentar o versículo 28, a predestinação “é uma coisa maravilhosamente doce para quem tem o Espírito”. [154]3. Dizem que a predestinação leva à apatia. Afinal, se a salvação depende inteiramente de Deus e não de nós, argumentam, então toda responsabilidade humana diante de Deus perde a razão de ser. Uma vez mais, isso não é verdade. A Escritura, ao enfatizar a soberania de Deus, deixa muito claro que isso não diminui em nada a nossa responsabilidade. Pelo contrário, as duas estão lado a lado em uma antinomia, que é uma aparente contradição entre duas verdades. Diferentemente de um paradoxo, uma antinomia “não é deliberadamente produzida; ela nos é imposta pelos próprios fatos... Nós não a inventamos e não conseguimos explicá-la. Não há como nos livrar dela, a não ser que falsifiquemos os próprios fatos que nos levaram a ela”. [155] Um bom exemplo se encontra no ensino de Jesus quando declarou que “ninguém pode vir a mim, se o Pai... não o atrair” [156] e que “vocês não querem vir a mim para terem vida”.[157] Por que as pessoas não vão a Jesus? Será porque não podem? Ou é porque não querem? A única resposta compatível com o próprio ensino de Jesus é: “Pelas duas razões, embora não consigamos conciliá-las”. 4. Dizem que a predestinação produz complacência e gera antinomianos. Afinal, se Deus nos predestinou para a salvação eterna, por que não podemos viver como nos agrada, sem restrições morais, e desafiar a lei divina? Paulo já respondeu esta questão no capítulo 6. Aqueles que Deus escolheu e chamou, ele os uniu com Cristo em sua morte e ressurreição. E agora, mortos para o pecado, eles renasceram para viver para Deus. Paulo escreve também em outro lugar que “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença”. [158] Ou melhor, ele nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho (29). 5. Dizem que a predestinação deixa as pessoas bitoladas, pois os eleitos de Deus passam a viver voltados apenas para si mesmos. Mas o que acontece é o contrário. Deus chamou um único homem, Abraão, e sua família apenas, não para que somente eles fossem abençoados, mas para que através deles todas as famílias da terra pudessem ser abençoadas. [159] Semelhantemente, a razão pela qual Deus escolheu seu Servo, a figura simbólica de Isaías que vemos cumprida parcialmente em Israel, mas especialmente em Cristo e em seu povo, não foi apenas para glorificar Israel, mas para trazer luz e justiça às nações. [160] Na verdade estas promessas serviram de grande estímulo para Paulo (como deveriam ser também para nós) quando ele, num ato de grande ousadia, decidiu ampliar sua visão evangelística para alcançar os gentios. [161] Assim, Deus fez de nós seu “povo exclusivo”, não para nos tornarmos seus favoritos, mas para que fôssemos suas testemunhas, “para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. [162]Portanto, a doutrina da predestinação divina promove humildade, não arrogância; segurança e não apreensão; responsabilidade e não apatia; santidade e não complacência; e missão, não privilégio. Isso não significa que não existam problemas, mas é uma indicação de que estes são mais intelectuais do que pastorais. E o ponto que Paulo quer enfatizar no versículo 29 é, com toda certeza, pastoral. Tem a ver com dois propósitos práticos da predestinação de Deus. O primeiro é que nós devemos ser conformes [viver de conformidade com] à imagem de seu Filho. Ou, dito da forma mais simples possível, o eterno propósito de Deus para seu povo é que nos tornemos como Jesus. O processo de transformação começa aqui e agora, em nosso caráter e conduta, por meio da obra do Espírito Santo, [163] mas só será completado e aperfeiçoado quando Cristo vier e nós o virmos, [164] e quando nossos corpos se tornarem como o corpo de sua glória. [165] O segundo propósito da predestinação de Deus é que, como resultado de nos tornarmos conformes à imagem de Cristo, ele passe a ser o primogênito entre muitos irmãos, desfrutando da comunhão da família como também da prerrogativa de ser o primogênito. [166]Vamos agora à terceira afirmação de Paulo: E aos que predestinou, também chamou (30a). O chamado de Deus é a aplicação histórica da sua predestinação eterna. Seu chamado chega às pessoas por meio do evangelho; [167] quando esse evangelho é anunciado a elas com poder e elas lhe respondem com a obediência da fé, aí é que se sabe que Deus as escolheu. [168] Assim a evangelização (o anúncio do evangelho), longe de se tornar supérflua em virtude da predestinação de Deus, é indispensável, pois é exatamente ela o meio proporcionado por Deus para que o seu chamado chegue às pessoas e desperte a sua fé. Fica, pois, evidente que aqui, quando Paulo fala do “chamado de Deus”, não se trata daqueles apelos generalizados do evangelho, mas sim da convocação divina que levanta os espiritualmente morto e lhes dá vida. Geralmente se chama isso de chamado “efetivo” de Deus. Aqueles a quem Deus dirige esse chamado (30) são os mesmos que “foram chamados de acordo com o seu propósito” (28). Em quarto lugar, aos que chamou, também justificou (30b). O chamado efetivo de Deus capacita aqueles que o ouvem a crer; e aqueles que crêem são justificados pela fé. Como a justificação pela fé é um assunto dominante nos capítulos anteriores desta carta de Paulo, não há necessidade de se repetir o que já foi dito, a não ser talvez enfatizar que a justificação é muito mais do que simples perdão ou absolvição, ou mesmo aceitação; é uma declaração de que nós, pecadores, agora somos justos aos olhos de Deus, pois ele nos conferiu o status de justos, que na verdade trata-se da justiça do próprio Cristo. É “em Cristo”, em virtude da nossa união com ele, que nós fomos justificados. [169] Ele se fez pecado com o nosso pecado, para que nós pudéssemos nos tornar justos com a sua justiça. [170]Quinto, aos que justificou, também glorificou (30c). Já por diversas vezes Paulo usou o substantivo “glória”. Trata-se essencialmente da glória de Deus, a manifestação do seu esplendor, a glória da qual todos os pecadores estão destituídos (3:23), mas que se regozijam na esperança de recobrar (5:2). Paulo promete também que se participarmos dos sofrimentos de Cristo iremos participar também da sua glória (8:17), e que a própria criação irá um dia experimentar a liberdade da glória dos filhos de Deus (8:21). Agora ele usa o verbo: aos que justificou, também glorificou. Nosso destino é receber corpos novos em um mundo novo, e ambos serão transfigurados com a glória de Deus. Muitos estudiosos percebem que o processo da santificação, que ocorre entre a justificação e a glorificação, foi omitido no versículo 30. No entanto, ele está implícito ali, tanto na alusão a sermos conformados à imagem de Cristo, como na preliminar necessária para nossa glorificação. Pois “santificação é glória iniciada; glória é santificação consumada”. [171] Além disso, tão certo é esse estágio final que, embora ainda se encontre no futuro, Paulo o coloca no mesmo tempo aoristo, como se fosse um fato passado, tal como tem usado para os outros quatro estágios que já são passado. É o assim chamado “passado profético”. James Denney escreve que “o tempo da última palavra é impressionante. É a mais ousada antecipação de fé que o próprio Novo Testamento contém”. [172]
Vimos aqui, portanto, as cinco afirmações incontestáveis apresentadas por Paulo. Deus é retratado como alguém que se move irresistivelmente de um estágio ao outro; de uma presciência e predestinação eternas, através de um chamado e uma justificação históricos, para a glorificação final de seu povo em uma eternidade futura. Faz-nos lembrar uma cadeia composta de cinco elos inquebráveis.

NOTAS:
[136] Jeremias 29.11.
[137] At 2.23; cf. 4.27.
[138] Sl. 1.6; 144.3.
[139] Os 13.5.
[140] Am 3.2.
[141] Cf. 1 Pe 1.2.
[142] Murray, vol. I, p. 317.
[143] Ibid., p. 318.
[144] Dt 7.7s.; cf. Ef 1.4s.
[145] Ef 1.5,9,11; 3.11.
[146] Ef 1.4.
[147] 1 Co 2.7; 2 Tm 1.9; cf. 1 Pe 1.20; Ap 13.8.
[148] Vaughan, 9. 163.
[149] 2 Sm 7.22ss; cf. Êx 19.3ss; Dt 7.6; 10.15; 14.2; Sl 135.4.
[150] Edições Vida Nova, 1961.
[151] Ibid., pp. 13ss.
[152] Ef 1.6,12.14.
[153] Ap 5.11ss.
[154] Lutero (1515), p. 371.
[155] Packer, op. cit., p. 21.
[156] Jo 6.44.
[157] Jo 5.40.
[158] Ef 1.4; cf 2 Tm 1.9.
[159] Gn 12.1ss.
[160] Is 40.1ss; 49.5ss.
[161] Ver; por exemplo, At 13.47; 26.23.
[162] 1 Pe 2.9ss.
[163] 2 Co 3.18.
[164] 1 Jo 3.2ss.
[165] 1 Co 15.49; Fp 3.21.
[166] Cf. Cl 1.18.
[167] 2 Ts 2.13s.
[168] 1 Ts 1.4s.
[169] Gl 2.17.
[170] 2 Co 5.21.
[171] Bruce, p. 168.
[172] Denney, p. 652.



Fonte: STOTT, John. A Mensagem de Romanos. Trad. Silêda e Marcos D S Steuernagel. 1ed. São Paulo: ABU Ed., 2000. 528p.; pp. 300-306.

Para saber mais: http://www.abub.org.br/editora/livros/bibliafalahoje.htm

segunda-feira, 3 de julho de 2017

NÓS SOMOS UM CORPO, O CORPO DE CRISTO

“Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo” (1Co 12.27).

​O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, evoca uma das principais figuras da igreja para ensinar que não devemos lutar uns contra os outros, mas devemos servir uns aos outros. Somos um corpo com diferentes membros e cada membro trabalha para servir ao corpo. Três verdades são destacadas pelo veterano apóstolo:
​Em primeiro lugar, a unidade do corpo (1Co 12.12,13). A igreja é o corpo de Cristo. Só existe uma igreja, um corpo, um rebanho, uma noiva. Todos aqueles que foram predestinados, chamados, justificados e glorificados fazem parte desse corpo. Exatamente quando cremos em Cristo, somos batizados pelo Espírito nesse corpo. Passamos, então, a fazer parte da família de Deus. Tornamo-nos membros da igreja do Deus vivo. Tornamo-nos filhos de Deus e ovelhas do seu pastoreio. Somos introduzidos nesse corpo místico e dele jamais seremos desligados. A igreja visível possui muitas denominações, com várias peculiaridades distintas. Temos diferenças de sistema de governo. Temos formas diferentes de administrar os sacramentos. Temos formas diferentes de interpretarmos determinadas passagens das Escrituras. Mas, se cremos na Trindade. Se cremos que Jesus é o nosso único Salvador e Senhor. Se temos as Escrituras como nossa única regra de fé e prática. Se cremos na salvação pela graça mediante a fé. Se cremos que Jesus voltará em glória para julgar os vivos e os mortos, então, fazemos parte da verdadeira igreja, da única igreja, do corpo de Cristo. Não importa a cor da nossa pele, a nossa condição social ou mesmo a nossa denominação. Se estamos em Cristo, somos um.
​Em segundo lugar, a diversidade dos membros do corpo (1Co 12.14-23). O corpo é um só, mas possui muitos membros. Os membros são diversos, mas todos pertencem ao mesmo corpo. É Deus quem dispôs os membros no corpo como lhe aprouve. Por isso, no corpo não pode existir competição. Não há espaço no corpo para complexo de superioridade. Os olhos não podem dizer às mãos: Não preciso de vocês. Também, no corpo não pode existir complexo de inferioridade. Os pés não podem dizer aos olhos: Por que não sou olho, pé eu não quero ser. Cada membro tem sua função no corpo e deve desempenhá-la para a edificação do corpo. É impensável um membro do corpo atacar outro. Seria evidência de insanidade um membro do corpo deixar de servir a outro membro ou mesmo feri-lo. A diversidade dos membros não é uma negação da unidade corpo, mas uma prova incontestável de sua funcionalidade e beleza.
​Em terceiro lugar, a mutualidade no corpo (1Co 12.24-31). Os membros estão no corpo não para competirem uns com os outros, mas para servirem uns aos outros. Cada um é colocado por Deus para uma atividade peculiar. Deixar de cumprir o seu papel é prejudicar todo o corpo. Nenhum membro do corpo é autossuficiente. Precisamos servir uns aos outros. Precisamos suprir as necessidades uns dos outros. Nenhum crente possui todos os dons espirituais. O que nos falta é suprido por outro membro do corpo e o que falta ao outro membro do corpo, deve ser suprido por nós. Essa mutualidade traz comunhão na igreja na terra e promove a glória de Deus no céu. Esse cuidado recíproco no corpo e esse amor prático na igreja demonstra ao mundo a eficácia do evangelho. O amor, desta forma, é a apologética final, a prova mais eloquente de que somos discípulos de Jesus. Agindo assim, o mundo crerá que Deus enviou Jesus. Então, haverá a salvação dos perdidos, a edificação dos salvos e a glorificação do nome de Deus.

Rev. Hernandes Dias Lopes

terça-feira, 28 de março de 2017


                                 A alegria cristã        

Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. (Fp 4:4)
Deixe-me fazer uma pergunta pessoal, talvez desconfortável: você é feliz? As pessoas ao seu redor podem garantir que você é a uma pessoa feliz?
Este texto nos mostra que a alegria não é uma opção, mas um mandamento. O verbo está no imperativo: alegrai-vos! Sendo assim, não ser uma pessoa alegre é um pecado de desobediência a uma ordem expressa de Deus.
Além disso, a alegria do cristão não depende das circunstâncias. Paulo não escreveu essas palavras na bonança da vida, mas preso em Roma!
E, também, a alegria do cristão não é um mero sentimento, mas está em uma pessoa: em Cristo. Paulo diz: “alegrai-vos no Senhor”.
A alegria do cristão é imperativa, ultracircunstancial e cristocêntrica.

Quais são os ladrões que tem saqueado a sua alegria?

Contudo, muitos ladrões roubam essa nossa alegria e cada capítulo de Filipenses fala de um desses ladrões.

1) As Circunstâncias da vida

Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuído para o progresso do evangelho; (Fp 1:12)
Paulo, mesmo tendo passado tudo o que passou, conseguia se alegrar em meio das circunstâncias.

2) As Pessoas

Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, (Fp 2:3-5)
As pessoas nos decepcionam e o perdão é uma necessidade, pois assim Jesus ordenou. O perdão é uma obra da graça de Deus em nos, que nos liberta. Não se esqueça da história do credor incompassivo em Mateus 18. Ele devia 10 mil talentos ao rei e seu servo 100 denários. 10 mil talentos são 600 mil vezes maior que 100 denários. Mesmo tendo recebido tamanho perdão, ele não perdoou. Se Deus lhe perdoou tamanha culpa do pecado, você não irá perdoar o pequeno pecado do seu próximo?

3) A Preocupação com o Dinheiro

O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. (Fp 3:19)
Dinheiro é mais que uma moeda. Dinheiro pode ser um ídolo.
Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. (1 Timóteo 6:6-10)
O luxo de ontem se tornou a necessidade do hoje e deixamos de ficar contentes com o básico. Lembre-se: o dinheiro em si mesmo não faz a pessoa feliz, pois a felicidade está em Deus!

4) A Ansiedade

Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus. (Fp 4:6-7)
Ansiedade é o mal deste século, atingindo a todos. Ansiedade pode ser um sinal de incredulidade.
Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mt 6:31-33)
Qual é o tamanho do seu Deus?

Busque santidade e alegria

A ideia de que “devemos buscar a santidade e não a alegria” é uma mentira, pois Deus quer que sejamos felizes nele. O nosso problema é que buscamos muito pouco a alegria, contentamo-nos com poucas coisas, quando Deus nos criou e salvou para termos a maior das alegrias: Ele mesmo

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

PASSOS NECESSÁRIOS PARA O PERDÃO


“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe” (Lc 17.3).
 
​Depois de alertar seus discípulos sobre a inevitabilidade dos escândalos e a tragédia que desabará sobre aqueles por meio de quem os escândalos vêm, Jesus trata da necessidade de perdoar aqueles que falham conosco. No texto em tela, Jesus ensina cinco passos necessários para o pleno perdão.
​Em primeiro lugar, a cautela (Lc 17.3). “Acautelai-vos…”. A cautela é imperativa porque onde o perdão é necessário, os relacionamentos já estão fragilizados, as emoções já estão esfalfadas e as feridas já estão abertas. Sem cautela pode existir arrogância no trato do assunto, deixando a relação ainda mais adoecida. Quem pede perdão precisa ter humildade para reconhecer o seu erro e quem concede perdão precisa ter graça para não pleitear justiça, mas exercer misericórdia.
​Em segundo lugar, a repreensão (Lc 17.3). “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o…”. Jesus está falando que o relacionamento, mesmo entre irmãos, pode ter falhas e precisar de reparos. O caminho para a restauração não é dar tempo ao tempo. O tempo não cura as feridas. Também, o caminho não é o silêncio, pois este não é sinônimo de perdão. O remédio para curar as feridas da mágoa é a repreensão. Longe da pessoa ofendida espalhar sua mágoa, contando a outras pessoas a desavença fraternal, denigrando a imagem de quem a feriu, deve procurar a pessoa para um confronto direto, pessoal e sincero, mas cheio de amor. Essa repreensão é, ao mesmo tempo, firme e terna, a ponto de não acobertar o erro nem negligenciar a compaixão. A verdade em amor é terapia divina para curar os males que afligem os relacionamentos. Verdade sem amor machuca; amor sem verdade adoece.
​Em terceiro lugar, o arrependimento (Lc 17.3). “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender…”. O amor é incondicional, mas o perdão não. O perdão precisa passar, necessariamente, pelo arrependimento. O ofensor precisa reconhecer seu pecado diante da pessoa a quem ofendeu. Esse reconhecimento implica em admitir o erro, sentir tristeza pelo erro e dispor-se a abandonar o erro. Com essas disposições, o ofensor deve procurar o ofendido para expor seu arrependimento. Em assim fazendo, o ofendido não tem outra opção senão perdoar imediatamente e completamente.
​Em quarto lugar, o perdão. (Lc 17.3). “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe”. O perdão é a disposição de tratar o ofensor como irmão, sem jogar em seu rosto o seu pecado. Perdoar é zerar a conta e não cobrar mais a dívida. Perdoar é tratar a pessoa arrependida como se ela nunca tivesse pecado. Perdoar é restaurar o relacionamento e recomeçar uma relação de confiança. O perdão quebra a parede da separação e abre os portais da graça para aceitar de volta o que falhou, dando-lhe a oportunidade de começar outra vez a bendita relação de amizade. O perdão traz cura para quem cometeu o erro e alegria para quem exercitou a misericórdia. Na parábola do Filho pródigo, quem demonstra alegria é o pai que perdoa e não o filho perdoado. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a cura das emoções. O perdão é terapêutico, pois dele emana a restauração da alma.
​Em quinto lugar, a fé (Lc 17.4,5). “Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. O perdão ilimitado não é uma capacidade inata que possuímos, é uma operação da graça de Deus em nós. Não temos essa disposição nem esse poder. Somente quando o Senhor aumenta nossa fé podemos perdoar, de forma ilimitada, como Deus em Cristo nos perdoou. O perdão não é uma opção, mas uma ordem divina e uma necessidade humana. Quem não perdoa destrói a própria ponte sobre a qual precisa passar.

domingo, 15 de janeiro de 2017

O REAVIVAMENTO PROMOVIDO PELA PALAVRA DE DEUS


A Reforma do século XVI foi uma volta às Escrituras. Essa volta à palavra de Deus produziu mudanças profundas na vida da igreja e trouxe um poderoso reavivamento. O Salmo 119, sendo o maior capítulo da Bíblia, trata da excelência da palavra de Deus e de seus benditos efeitos em nossa vida. Destacaremos, aqui, a relação entre a palavra de Deus e o reavivamento.
​Em primeiro lugar, reavivamento e restauração (Sl 119.25). “A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra”. Davi está prostrado até ao pó. Sua alma está humilhada ao extremo. Nessa prostração total, clama pela vivificação que vem por meio da palavra. É a palavra de Deus que restaura a alma!
​Em segundo lugar, reavivamento e proteção (Sl 119.37). “Desvia os meus olhos, para que não vejam a vaidade, e vivifica-me no teu caminho”. Nossos olhos podem nos atrair para armadilhas perigosas. Podem ser um laço para os nossos pés. Por isso, o salmista roga a Deus proteção da queda e ao mesmo tempo vivificação no caminho de Deus, o caminho da santidade.
​Em terceiro lugar, reavivamento e aspiração (Sl 119.40). “Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos; vivifica-me por tua justiça”. Quanto mais suspiramos pela palavra de Deus, mais somos cheios dela e mais vivificados seremos pela justiça divina. Quanto mais cheios da presença de Deus, mais desejamos Deus em nossa vida.
​Em quarto lugar, reavivamento e consolo (Sl 119.50). “O que me consola na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica”. A vida com Deus é uma jornada por onde a angústia sempre nos espreita. Porém, nas noites mais escuras da alma, a palavra de Deus nos vivifica, nos consola e nos enche de verdor e frutos benditos.
​Em quinto lugar, reavivamento e obediência (Sl 119.88). “Vivifica-me, segundo a tua misericórdia, e guardarei os teus testemunhos oriundos de tua boca”. Quando descemos aos vales escuros da vida ou tropeçamos em virtude de nossa fraqueza, precisamos da misericórdia de Deus e quando ele nos vivifica, então, renovamos o nosso compromisso de obediência à sua palavra.
​Em sexto lugar, reavivamento e aflição (Sl 119.107). “Estou aflitíssimo; vivifica-me, Senhor, segundo a tua palavra”. A aflição é o cálice que bebemos enquanto caminhamos na estrada juncada de espinhos, entre o berço e a sepultura. Porém, nas horas que sorvemos esse cálice amargo, Deus nos vivifica segundo a sua palavra, apruma nossos joelhos trôpegos, fortalece as nossas mãos descaídas e nos restaura o vigor.
​Em sétimo lugar, reavivamento e oração (Sl 119.149). “Ouve, Senhor, a minha voz, segundo a tua bondade; vivifica-me, segundo os teus juízos”. Oração e palavra são os dois grandes instrumentos que nos levam à vivificação espiritual. Quando Deus ouve nosso clamor, então, sua palavra nos restaura. Pela oração falamos com Deus; pela palavra Deus fala conosco!
​Em oitavo lugar, reavivamento e libertação (Sl 119.154). “Defende a minha causa e liberta-me; vivifica-me, segundo a tua palavra”. Quando somos apanhados na rede da perseguição externa ou da aflição interna, precisamos de livramento e quando este chega, Deus nos vivifica pela sua palavra. Oh, bendito livramento! Deus não nos deixa expostos ao opróbrio dos nossos inimigos.
​Em novo lugar, reavivamento e misericórdia (Sl 119.156). “Muitas, Senhor, são as tuas misericórdias; vivifica-me segundo os teus juízos”. Por causa das muitas misericórdias de Deus não somos consumidos. Por elas, Deus não nos dá o juízo que merecemos. Por isso, ele nos ergue de nossa fraqueza e nos vivifica segundo os seus juízos.
​Em décimo lugar, reavivamento e amor à palavra (Sl 119.159). “Considera em como amo os teus preceitos; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua bondade”. O amor à palavra de Deus descortina diante de nós o caminho da bondade divina e nesse caminho está a gloriosa realidade do reavivamento e da vivificação espiritual. É tempo de buscarmos ao Senhor e a sua palavra até que ele venha sobre nós, trazendo em suas asas, poderoso reavivamento espiritual!

Rev. Hernandes Dias Lopes